Como já havia postado anteriormente, tive uma lesão no
joelho durante minha estadia na Indonésia (2 meses), um cortezinho no ligamento, resultado de muito surf , pouco
alongamento e percebi também o quanto é importante um bom fortalecimento antes
de uma temporada de muito surf.
Não precisei de cirurgia, porém estou sem surfar há 3
meses.
Apenas reabilitando e fortalecendo os músculos. A
recuperação para esse tipo de lesão é lenta e requer muita paciência.
E é ai que começa a minha lição.
Paciência –“Virtude de suportar males e incômodos sem
queixa e nem revolta. Qualidade de quem espera com calma.” (MICHAEKIS)
Não falo só como surfista mas como qualquer ser
humano, é muito difícil ficar longe de algo que tanto ama e que te faz bem, sem
se queixar.
Quer provação maior do que para um surfista ficar afastado
do surf por tanto tempo?
Deixa eu acrescentar mais drama nessa estória. Passar
3 meses sem surfar em seu primeiro ano na
Austrália, sendo que tudo é novidade, as ondas, as praias, as pessoas. Ver
Snapper e Kirra quebrar perfeito, ouvindo todo mundo dizer que esse inverno
quebrou como nunca.
Tão perto e tão distante ao mesmo tempo.
PACIÊNCIA
Mas como sou teimosa e as vezes cabeça dura, não aceitei ficar parada, precisava fazer
alguma coisa.
Então comecei a ir de skate para a aula e para o
treino, em uma ciclovia na beira da praia, perfeita para andar de skate, uma pista, e esse se tornou meu meio de transporte.
Até que um dia levei um tombo feio, me ralei toda, ai
pensei “Peraí, acho que é um sinal para eu sossegar”. Então parei de andar de
skate, isso já faz mais de um mês.
Até que eu estava paciente. Muito focada na
recuperação do meu joelho e também em meus estudos. Aproveitando a oportunidade
de estudar inglês em uma das melhores escolas da Austrália.
A QIBA (Queensland International Business Academy), fica
de frente para a bancada de “Super Banks”, e nesses dias atrás no break
da minha aula, como de costume fui tomar um solzinho na sacada e ler algo. Para
a minha “alegria” avistei Kirra
quebrando clássico. Em cada onda vinha um surfista escondido nos perfeitos e
tubos de Kirra.
Confesso que não é fácil. Tem dias que fico triste,
outros mal humorada, outros até esqueço e as vezes não resisto.
Nesse três meses na Austrália entrei no mar 4 vezes,
mas só em ondinhas suaves e amigáveis para não correr o risco de estourar o
ligamento por inteiro.
Já tinha começado a refletir e escrever o rascunho
desse texto. Acho que escrevi isso para mim mesma, auto análise.
Estava vendo os sinais, mas não os entendia.
Até que aconteceu meu último incidente ou acidente,
ainda não sei se foi imprudência minha ou foi um acaso.
Ontem fui dar uma surfadinha (rs) em Snapper, o mar
estava quase flat, era mais uma remada do que surf, só para molhar o couro
cabeludo, se é que você me entende. Quando em um tombo, sabe aqueles que
acontecem de bobeira, foi ridículo, a prancha, um “LOG” que é como chamam os
shapes clássicos e pesados de longboard, voltou na minha boca com muito força.
A minha primeira reação foi botar a língua no dente
para ver se havia quebrado, para a minha sorte não aconteceu nada com o dente.
Só o que me faltava sair banguela do mar (risos), mas logo minha língua passou
pelo meu lábio e senti um buraco e vi o sangue pingando.
Pronto, saí da água e logo Audrey, uma das gêmeas que
me referi na ultima matéria que postei, me ajudou a chegar até o salva vidas
que me orientou ir para o hospital, pois o corte estava bem fundo.
Sentada na cadeira do Salva Vidas, com um gaze na boca
tentando estancar o sangramento, esperava
minha carona para o hospital, meu amigo e treinador Rodrigo da HP, vi algumas
baleias pulando e se exibindo em Rainbow Bay, em um lindo domingo ensolarado,
dia dos pais no Brasil, grande presente para mandar para meu pai, pensei comigo “Nem tudo estava perdido”.
Resultado levei 6 pontos nos lábios e fiquei com a
boca da Angelina Jolie.
Sobre a lição de todos esses incidentes, ainda estou processando
em minha cabeça.
Porém, o que
acredito ser o mais importante, é a forma como reagimos a cada situação e
tentar tirar proveito disso. Como um ensinamento.
O “porque” de terem acontecido essas coisas?
Não acho que seja má sorte como muitos pensam, mais
sim sinais que a vida nos dá para aprendermos algo, no meu caso foram uns 3
sinais. (rs)
Como diria minha sábia vozinha: “Quando a cabeça não
pensa o corpo padece”.
Espero que não fiquem impressionados com as fotos, eu
sobrevivi!
BJocas
Por Fernanda Daichtman
Quero agradecer a todos que de alguma forma tem me apoiado nessa minha jornada pela Asia e Oceania, QIBA (Queensland International Business Academy), Prefeitura de Curitiba, Hurley, Evoke, Playground Surf Resort e Holistic Pro Health Performance.
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n 2- ralado |
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n 3 - boca |