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Fernanda Daichtman |
Charles
Justin Snowy McAlister (CJ Snowy) foi o pai do surf na Austrália, norteando o esporte por
70 anos, ele revolucionou o estilo das pranchas e o estilo de surfar,
desenvolvendo também surf competitivo na Austrália.
Inspirado
pelo hawaiano Duke Kahanamoku que visitou a terra dos cangurus no ano de 1915,
em Sydney, surfando pela primeira vez em FreshWater, esse foi o primeiro relato
de surf na Austrália.
A vigésima sexta edição do festival que leva o nome do pioneiro do surf australiano
aconteceu em pleno feriado nacional, nada menos que o aniversário da Rainha Elizabeth,
na praia de Mainly beach, ao lado de Fresh Water, situada nas praias norte de
Sydney e costuma apresentar boas condições de surf durante o inverno.
Um campeonato
pra lá de histórico!
É nítida a
valorização de suas raízes, e como eles tentam conservar o longboard
tradicional. A única categoria profissional com premiação de Au$ 20.000,00 foi o “LOG”, só noseriders, ou seja, só manobras de
bico.
É um
resgate dos anos 60, apenas pranchas monoquilhas são aceitas, as bordas devem
ser suaves e obrigatoriamente pesar no mínimo 8 kg. As pranchas são pesadas em
uma balança junto aos surfistas antes de começar o evento.
Mais uma
vez pude presenciar os feras do surf clássico de perto Alex Knost, Taylor
Jansen, Josh Constable, Harrison Roach, entre outros Australianos.
Já a
categoria feminina surpreendeu o organizador do evento com um repentino número
de competidoras e teve que aumentar as vagas antes mesmo de encerrar as
inscrições.
Começaram
com baterias de 6 meninas, confesso que nunca dividi o outside com mais 5
meninas em uma competição.
Todas deram
show de surf, e quem se destacou foi a jovem havaiana Honolua Blomfield (14
anos) que mostrou muita constância e fluidez. Já havia competido com ela em
Noosa Heads e a vi sufando em Snapper Rocks outro dia de pranchinha, ela simplesmente
arrebenta! Vai dar trabalho se resolver competir o Mundial.
Quero fazer
uma observação aqui, dos três campeonatos que participei, dois foram
profissionais com premiação de $2 mil dólares, sendo que um deles foi um
evento da ASP, ou seja, mundial qualificatório. Fazendo uma comparação
grosseira com os campeonatos nacionais do Brasil, quero ressaltar um detalhe, sobre
a nossa premiação, o mínimo é R$ 5.000,00 para colocar o feminino na água (sem
fazer conversões de dólar para real). Resultado de um movimento organizado pelas
atletas exigindo mudanças. Isso mostra que se tivermos união podemos trazer mudanças.
Porém não
acho que a premiação seja ideal, aliás ai caímos na mesma conversa de sempre,
que o surf feminino deveria ser mais valorizado, temos gastos tanto quanto o
masculino, entramos nas mesmas condições de mar, só não damos um show de manobras progressivas,
aéreos e batidas, porque não é da nossa natureza, mas se tratando de leveza e
graciosidade, que são características indispensáveis para o surf do longboard,
não deixamos nada a desejar.
Voltando a
Austrália...
Nessa época
o clima costuma ser muito frio, mas surpreendentemente estava quente para os
padrões de Sydney. Consegui surfar de short, claro que enquanto tinha sol e não
mais que 25 minutos.
A única
notícia ruim é que meu joelho realmente está precisando de cuidados, tive um rompimento
parcial do ligamento, resultado desses dois meses que passei na Indonésia.
Fui treinar
um dia antes do campeonato, depois de mais de 15 dias sem surfar para poupar o joelho, e senti muita dor dentro
d’água. Provisoriamente enrolei bastante fita e uma joelheira para deixar bem
firme, e consegui surfar nas minhas baterias com muito esforço. Parei na
semi-final, mas fiquei muito feliz só em poder conseguir participar.
Agora é
voltar para Gold Coast e tratar desse joelho.
Agradeço também a QIBA (Queensland International Business
Academy), Prefeitura de Curitiba, Hurley, Evoke e Playground Surf Resort.